quinta-feira, 22 de abril de 2010

GALÁCIA: RESUMO HISTÓRICO

Os Gálatas eram um povo celta da Antiguidade que habitava uma região montanhosa na Anatólia central, hoje na Turquia. O país era limitado em parte pela Capadócia, ao Leste, pela Bitínia e Ponto, ao Norte, pela Ásia Menor, ao Oeste, e pela Panfília, ao Sul. Situa-se num planalto entre os Montes Tauro, ao Sul, e os Montes da Paflagônia, ao Norte. Na sua parte norte-central, ficava a cidade de Ancira, agora chamada Ancara, capital da Turquia. Os romanos também chamavam a região de Gália do Oriente, em contraposição à Gália do Ocidente (França atual). Abaixo, mapa do século XV que retrata a Ásia Menor so século II a.C. Vê-se nele a Galatia (Galácia).


Os romanos chavam de galii ( gálios) os povos de ambas as regiões. Ao longo do tempo, para destinguir os habitantes destas regiões convencionou-se usar-se gaulês para o celta da Gália e gálata para o celta da Galácia. O termo gálata (vindo do grego) é uma derivação de keltai ou galli como eram chamados os celtas pelos gregos e pelos romanos. O termo ainda está presente até hoje em Istambul, no nome da Torre Gálata e do bairro de Galatasaray ("Jardim dos Gálatas" em turco), bem como do time de futebol de mesmo nome (Galatasaray SK). O nome próprio utilizado por todos os celtas era gal- ou kel- como mostram o nomes de suas línguas e os nomes dos povos celtas: Galli, Galatae, Galaici, Gaelige, Kel(toi), Galatai. Abaixo, guerreiros gauleses.
Por volta de 281 a.C., um grande número de gauleses (celtas da Gália), que os gregos chamavam de Galátai (daí o nome da região na Anatólia), migrou para o leste da Europa conduzidos por Breno. Abaixo, a migração dos keltoi ( celtas, gauleses, gálatas) para os Balcãs.

Breno invadiu a Grécia em 281 com um enorme contingente de guerra e foi rechaçado quando pretendia pilhar o templo de Apolo em Delfos. Ao mesmo tempo, outro grupo de homens, mulheres e crianças gaulesas que se separaram do grupo de Breno em 279 migrava para a Trácia sob a liderança de Comontório onde fundaram a cidade de Tylis. Outros liderados por Bolgios invadiram a Macedônia, mataram o soberano Ptolomeu Cerauno, mas foram posteriormente expulsos por Antígono Gônatas, o neto do diádoco (herdeiro de parte do império de Alexandre, o Grande) Antígono, o Caolho. Abaixo, cabeça de um guerreiro gálata num escudo de ouro trácio.
O grupo de Comontório se estabeleceu na Trácia. Eles aterrorizaram a região e exigiam altos tributos de Bizâncio. Enquanto isso do outro lado do Bósforo, o rei Nicomedes I da Bitínia luta contra seu irmão, Zipoetes II, que domina metade do país. Para derrotar seu irmão, Nicomedes convida aos gálatas, mediante várias promessas de benefícios, a cruzarem o Estreito do Bósforo e ajudá-lo contra seu irmão. As tribos dos Tectosages, dos Trocmos e dos Tolistobogios lideradas por Leonório e Lutário atravessaram o Estreito do Bósforo. Eram aproximadamente 10.000 homens de combate e igual número de mulheres e crianças. Nicomedes providencia para que os invasores atravessem para a Ásia e juntos derrotam e matam Zipoetes II. Nicomedes assumiu o controle de toda a Bitínia e sob seu reinado esta alcançou poder e prosperidade. Na Ásia, os Gálatas, grandes guerreiros, acabaram por atemorizar e pilhar a região. Eles possivelmente ajudaram Nicomedes contra Antíoco e por fim estabelecem-se no interior da Anatólia, pois em 278 a.C. foram atacados pelo rei selêucida Antíoco I Sóter que os derrotou com elefantes de guerra. Abaixo, imagem de guerreiro gálata. No entanto, não foram exterminados. Em vez disso, a migração levou ao estabelecimento de um território céltico duradouro na Anatólia central, que incluiu a parte oriental da Frígia antiga, um território que ficou conhecido como Galatia que em português verte-se em Galácia. Aí eles enfim instalaram-se, e foram fortalecidos por novas migrações do mesmo clã vindas da Europa. Essa nova leva atravessou rapidamente a Bitínia e sustentaram-se pilhando países vizinhos. A constituição do Estado dos Gálatas é descrita por Estrabão em sua Geografia: em conformidade com seu costume, cada tribo foi dividida em cantões, cada um governado por um chefe (tetrarca) do seu próprio cantão com um juiz subordinado, cujos poderes foram ilimitados exceto em casos do assassinato, que eram julgados por um conselho de 300 representando os doze cantões e reunido em um lugar sagrado, vinte milhas para sudoeste de Ancira ( atual Ankara), que provavelmente teria sido um bosque de carvalho sagrado, chamado Drynemeton (do celta drys nemeton, "santuário dos carvalhos"). Deixaram a população local de capadócios no controle das cidades e da maior parte da terra, a qual, porém, pagava tributos aos seus novos senhores, que formaram uma aristocracia militar e se mantiveram afastados em fazendas fortificadas, rodeadas de seus grupos.Abaixo, ilustração dos Gálatas atacando Pérgamo.

Esses celtas foram guerreiros respeitados no Mundo Antigo. Eles eram alugados como soldados mercenários, às vezes lutando de dois lados nas grandes batalhas destes tempos. As tribos gálatas vinham ameaçando os povos na Ásia Menor obrigando-os a pagar um tributo de proteção. Por fim, os gálatas tornaram-se aliados do príncipe selêucida rebelde Antíoco Hiérax (imagem a esquerda), que havia fundado um reino independente do Império Selêucida e contava com o apoio dos gálatas. O regente de Pérgamo, Eumenes I, só livrou sua cidade mediante o pagamento de tributos. Seu sucessor, Átalo I, no entanto recusou-se a pagar tributo aos gálatas. Em conseqüência, os gálatas atacaram Pérgamo. O exército de Pérgamo e as forças gálatas se enfrentaram nas imediações da nascente do rio Caico e Átalo ( imagem ao lado) saiu-se vitorioso. Devido a esta grande vitória, Átalo adota o epíteto grego de Sóter (salvador) e o título de basileus, rei. O significado dessa vitória foi tamanho que posteriormente se criou a lenda de uma profecia de que um filho do touro de Zeus derrotaria os gálatas e esse filho foi identificado com Átalo que teria feições bovinas. Na acrópole de Pérgamo foi erguida em comemoração da vitória um monumento triunfal que incluía uma famosa escultura chamada Gálata moribundo. O tema dos Gálatas derrotados permaneceu recorrente na arte helenística por um bom tempo. Abaixo, representação do monumento original.Antíoco Hiérax tentou derrotar o rei Átalo I, mas em vez disso, Átalo e as cidades helenísticas unidas sob seu estandarte infligiram várias derrotas severas a ele e aos gálatas, aproximadamente em 232 a.C., forçando estes a confinarem-se à região para a qual eles já tinham dado o seu nome. O direito dos Gálatas ao distrito foi formalmente reconhecido pelos reinos vizinhos. As três tribos gálatas permaneceram na região da seguinte forma:
Os Tectosages no centro, em redor com a sua capital Ancira;
Os Tolistobogios no oeste, em redor de Pessino como a sua cidade principal. Pessino era a cidade sagrada da deusa frígia Cibele;
Os Trocmos no leste, ao redor de Távio, sua cidade principal.
Cada território tribal foi dividido em quatro cantões ou tetrarquias. Cada um dos doze tetrarcas tinha sob si um juiz e um general. Um conselho da nação composta do tetrarcas e trezentos senadores era periodicamente mantido no Drynemeton, vinte milhas ao sudoeste de Ancira. Hábeis e temidos guerreiros, os gálatas são alugados por vários soberanos. Os Atálidas de Pérgamo empregaram os seus serviços nas guerras cada vez mais constantes na Ásia Menor bem como Antíoco III, o Grande na sua luta contra o rei egípcio Ptolomeu IV.
No início do 2º século a.C., os Gálatas mostraram-se aliados terríveis de Antíoco III, o Grande, o último rei selêucida que tentou recuperar a suserania greco-síria sobre a Ásia Menor, o que ocasionou a Guerra Romano-Síria (192 – 188 a.C.); mas depois da derrota de Antíoco III pelos Romanos, Roma voltou seus olhos firmemente contra os Gálatas, quando então ocorreu a Guerra Gálata: esta foi um conflito militar que se travou em 189 a. C. entre o povo gálata contra a República romana e seus aliados de Pérgamo. Abaixo a Galácia em 188 a.C. após a Guerra Gálata.

A guerra se deu principalmente nas terras da Galácia. Após a vitória República Romana sobre o Império Selêucida na Batalha de Magnésia (189 a.C.), o cônsul romano Cneu Mânlio Vulso iniciou uma campanha contra os gálatas justificando-a na suspeita de que estes haviam apoiado Antíoco III durante sua guerra contra Roma. O historiador romano Tito Lívio, no entanto, sugere que as reais razões de Vulso eram de se apossar das riquezas do povo gálata e afamar seu nome como grande militar. Mesmo sem o aval do Senado, Vulso iniciou uma campanha com o apoio de Eumenes II de Pérgamo ( que enviou seu irmão Átalo Fildadelfo com as tropas pergamenas) onde avançou até o interior da Galácia com a ajuda de guias fornecidos por Seleuco IV Filopátor, sucessor de Antíoco III. Os Romanos e aliados encontram a tribo gálata dos Tolistobogios e embora prepare-se para o conflito, Vulso procura fazer um tratado com Eposognato, um dos líderes dos Tectosages, o qual mantinha boas relações com Pérgamo. Eposognato aceita aliar-se aos romanos desde que estes não invadam suas terras e em troca ele procuraria trazer à aliança romana os demais líderes gálatas. Porém o acampamento romano foi atacado em Cubalo onde apesar das baixas, os romanos infligiram uma derrota aos atacantes. Eposognato envia uma mensageiro a Vulso dizendo que não conseguiu aliançar os demais gálatas à causa romana e que Vulso deveria se preparar para a guerra. Por fim, os Tectosages se aliaram aos Tolistobogios e os Trocmos e ocuparam o Monte Olimpo e arredores onde se travou a Batalha do Monte Olimpo onde os romanos e aliados obtiveram uma esmagadora vitória sobre os gálatas que perderam cerca de 10.000 homens e cerca de 40.000 foram capturados. Os despojos foram grandes. Acima, estátua de guerreiro gálata suicidando-se após matar a esposa para não cair nas mãos dos inimigois. Após a vitória no Monte Olimpo, os tectosages procuraram negociar a paz com os romanos propondo uma conferência em Ancira. No entanto, isso era um estratagema para ganhar tempo e conseguir fazer com que as mulheres e crianças gálatas atravessassem o rio Hális e tivessem tempo de atacar a Vulso quando sua ida a Ancira. Após um ataque gálata frustrado, os Romanos investem contra os gálatas impondo-lhes tremenda derrota; muitos fogem para evitar um massacre e o exército romano-pergameno os persegue até seu acampamento onde os gálatas são dizimados. Poucos conseguem passar para a outra margem do Hális onde estavam as mulheres e crianças. Esse episódio ficou conhecido comoa Batalha de Ancira. Com as derrotas de Olimpo e Ancira, os Gálatas foram forçados a buscar a paz com os romanos. Abaixo, estátuas de Gálatas derrotados provenientes de Nápoles. Tão temidos eram os gálatas como guerreiros, que derrotá-los merecia ser comemorado com monumentos. O tema da derrota dos gálatas foi marcante na arte estatutária greco-romana.
A campanha beneficiou Vulso e suas legiões à custa dos tesouros que os Gálatas tinham acumulado durante as suas conquistas na Ásia Menor. A Galácia foi daqui em diante dominada por Roma através líderes locais e teve seu território diminuído pela expansão do Reino do Ponto. Eles foram finalmente libertados pelas Guerras Mitridáticas (República Romana versus Mitrídates VI Eupátor do Ponto), durante as quais eles apoiaram Roma.
No acordo de 64 a.C. a Galácia tornou-se um Estado cliente de Roma, a velha constituição desapareceu, e três chefes (inadequadamente chamados de “tetrarcas”) foram designados, um para cada tribo. Mas este acordo logo deu ocasião para a ambição de um desses tetrarcas, Dejótaro, o contemporâneo de Cícero e Júlio César, que se fez o senhor das outras duas tetrarquias e foi finalmente reconhecido pelos Romanos como rei da Galácia. Foi sucedido por Brogítaro.
Quando da morte do terceiro rei gálata, Amintas, em 25 a.C., a Galácia foi incorporada por César Augusto ao Império Romano, tornando-se uma província romana a qual foi ampliada para incluir partes da Licaônia, da Pisídia, da Paflagônia, do Ponto e da Frígia. Abaixo, a província romana da Galácia.

Perto da capital da Galácia, Ancira, Pilamenes, o herdeiro do rei, reedificou um templo da deusa frígia Men para venerar Augusto (o célebre Monumentum Ancyranum, imagem abaixo), como um sinal da fidelidade. Nas paredes deste templo na Galácia foi conservada para a modernidade a fonte principal do Res Gestae (Coisas da Gestão) de Augusto. Poucas províncias mostraram-se tão leais a Roma.

Os Gálatas praticavam uma forma de politeísmo romano-céltico, comum em outras terras célticas.
Eles ainda falavam sua língua gálata, de origem celta, no tempo de Jerônimo (347–420 d.C.), o qual descreveu que os gálatas de Ancira e o povo de Augusta Treverorum ( atualmente Trier, localizada hoje na Renânia alemã) falavam uma língua muito semelhante.
Foi na província da Galácia ampliada que o apóstolo Paulo e outros missionários cristãos evangelizaram diversas cidades no século I d.C., tais como Icônio, Listra e Derbe e nas quais, organizaram comunidades cristãs locais. Paulo escreveu uma epístola às comunidades cristãs da Galácia, a Epístola aos Gálatas, a qual ressalta a primazia da graça sobre a lei da Antiga Aliança. Abaixo, cidades da província da Galácia (mas não cidades gálatas) visitadas pelo Apóstolo Paulo.


FONTES:
http://es.wikipedia.org/wiki/Galacia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gal%C3%A1cia
http://ca.wikipedia.org/wiki/Gal%C3%A0cia
http://osreisdabitinia.blogspot.com/2009/02/nicomedes-i-278-255-ac.html
http://es.wikipedia.org/wiki/Guerra_G%C3%A1lata
http://www.romanarmytalk.com

terça-feira, 7 de abril de 2009

AMINTAS (37 – 25 a.C.)

Contemporâneo do geógrafo Estrabão, Amintas inicialmente comandou tropas gálatas enviadas para dar apoio a Bruto e Cássio na guerra civil romana, mas desertou para o lado de Marco Antônio bem antes da batalha de Filipos (42 a.C.). Assim, Amintas associou-se aos novos senhores de Roma (Antônio, Otávio e Lépido). Abaixo moeda com a efígie de Amintas, rei da Galácia.

Inicialmente governava a Licaônia, onde ele mantinha mais de 300 tropas. A isto ele acrescentou o território de Derbe pelo assassinato do seu príncipe, Antípater, que era amigo de Cícero, bem como os territórios de Isaura e Capadócia com o apoio do governo romano. Amintas estendeu as fronteiras da Galácia a sua maior extensão em toda a sua história principalmente após a morte de Dejótaro I, cerca de 39 a.C., quando Marco Antônio o apoiou na aquisição territórios na Pisídia, Frígia, Isaura e Cilícia (seu domínio já incluíam partes da Galácia) em recompensa a sua colaboração. O historiador romano Plutarco o enumera entre os apoiadores de Antônio contra Otávio durante a guerra civil romana junto com o rei gálata Dejótaro II, os quais passam para o lado de Otávio pouco antes da batalha de Áccio (31 a.C.) onde as forças de César Otávio (imagem) saíram-se vitoriosas. Após a morte de Dejótaro II ( c. 30 a.C.), Amintas apossou-se de seus domínios (Gadelonitis, Farnacéia, Pequena Armênia, Trapezos) usando o título de rei até sua morte em 25 a.C. Ambicioso, continuou sua onda expansionista conquistando Homonada (segundo Estrabão) ou Hoinona (segundo Plínio) matando o príncipe desta região, cuja morte foi vingada pela sua viúva e Amintas caiu vítima de uma emboscada que ela armou para ele. Quando de sua morte em 25 a.C., Otávio, agora César Augusto, transforma a Galácia e os territórios adjacentes conquistados por Amintas em província romana estendendo a cidadania romana aos gálatas.
Assim findava o guerreiro reino dos celtas da Ásia.

REFERÊNCIAS:
http://en.wikipedia.org/wiki/Amyntas_of_Galatia#cite_ref-Strabo.2C_ibid_3-2
http://www.ancientlibrary.com/smith-bio/0165.html
http://www.galloturca.com/galatians_files/chronology.htm
http://ca.wikipedia.org/wiki/Amintes_de_Gal%C3%A0cia

DEJÓTARO II FILADELFO (40 – 30 a.C.)

Filho e sucessor de Dejótaro I. Já antes da morte do seu pai, ele tinha recebido do Senado romano o título de rei, ao qual alguma subvenção do território foi, ao que parece, atada. Quando de uma campanha na Cilícia em 51 a.C., Cícero, acompanhado de seu irmão Quinto, deixou aos cuidados de Dejótaro seu filho e sobrinho. Cícero fala dele e de seu pai em termos de alta consideração em seu legado
literário. Teve seu reino desmantelado pela constante intervenção de Marco Antônio (ao lado) na Ásia favorecendo a outro chefe gálata, Amintas, a quem concedeu territórios na Ásia, inclusive da Galácia de Dejótaro II. Durante a guerra civil romana entre Marco Antônio e César Otávio, Dejótaro II apóia inicialmente o primeiro passando-se para o lado de Otávio, junto com Amintas, pouco antes da batalha de Áccio (31 a.C.) onde as forças de Otávio saíram-se vitoriosas.
Foi sucedido por Amintas que era tetrarca da Licaônia, Pisídia e partes da Cilícia, Frígia e Isáuria, e filho de Brogítaro, falecido rei e tetrarca dos Trocmos, e que já havia sendo favorecido pelo governo romano.

REFERÊNCIAS:
http://ca.wikipedia.org/wiki/Deiotarus_II
http://www.ancientlibrary.com/smith-bio/0961.html
http://www.galloturca.com/galatians_files/chronology.htm

quinta-feira, 2 de abril de 2009

BROGÍTARO (63 – 50 a.C.)

Em gálata, Brogitarix, também chamado Brogitarus em latim. Casou-se com Adobogiona, princesa da Galácia, filha de Dejótaro I e de sua esposa Berenice. Os relatos contemporâneos mostram-no como pessoa indigna e nefanda. Era tetrarca dos Trocmos e em 58, comprou do tribuno romano P. Clódio, valendo-se da lex tribunicia, por uma grande soma de dinheiro, o cargo de alto sacerdote da deusa frígia Magna Mater em Pessino bem como comprou o título de rei. Quando de sua morte em 53, seu território foi anexado por Dejótaro I.
Abaixo, ruínas de um templo em Pessino.




REFERÊNCIA:
http://en.wikipedia.org/wiki/Brogitarix,_King_of_Galatia
http://www.galloturca.com/galatians_files/chronology.htm

segunda-feira, 30 de março de 2009

DEJÓTARO I FILOROMANO (62 – 40 a.C.)

Dejótaro: em sua língua nativa, o gaulês, seu nome é Deiotarix. Em grego Deiotaros I Philoromaios, isto é, Dejótaro I, amigo dos romanos, os quais o chamavam Deiotarus. Dejótaro (105 a.C. – 42/40 a.C.) foi inicialmente Chefe Tetrarca do Tolistobogios na Galácia ocidental e posteriormente Rei da Galácia. Ele é referido como 'o Touro Divino' e foi considerado um dos mais habilitados dos reis célticos, governando as três tribos da Galácia a partir de sua fortaleza em Blucium. O nome Dejótaro parece significar “touro divino” e sendo uma alusão a um deus dos gálatas. Considerando que esta deidade obscura é difícil de verificar-se em outro lugar na cultura céltica, pode se conjecturar que foi um deus local adotado pelos Gálatas. Deiotarix, contudo, é claramente um nome céltico: o 'rix' no seu nome significa 'rei' ou 'reino'. Abaixo, moeda com a efígie de Dejótaro

Dejótaro nasceu provavelmente em 115 a.C. Seu pai, Sinorix, era amigo de Marco Pórcio Catão Saloniano, dito, Catão de Salônica, o Jovem, nobre romano. Dejótaro casou-se com Berenice, princesa de Pérgamo, a filha do Rei Átalo III Filometer Euergetes. Eles foram os pais de Adobogiona, que se casou com Brogitarix (Brogítaro), que foi o tetrarca dos Trocmos e futuramente ostentou o título de rei com o seu sogro sobre parte da Galácia. Adobogiona e Brogitarix foram os pais de Amintas, Tetrarca dos Trocmos e o último rei da Galácia.
Durante a primeira guerra entre Mitrídates VI Eupátor, rei do Ponto, contra os romanos, os gálatas foram contratados pelo rei pôntico contra as forças de Roma. No entanto, os exércitos pônticos foram derrotados na Batalha de Khaironeia (86 a.C.) e Mitrídates responsabilizou os gálatas por essa derrota.
Entre 86-85, Mitrídates convida os tetrarcas gálatas (cerca de 60) para um banquete no qual assassina a todos. Os Tetrarcas Dejótaro e Brogítaro salvam-se por não estarem presentes no banquete. Outro tetrarca, Bepolitanos, foi poupado por Mitrídates devido à sua idade jovem e belas feições.
Entre 78-75, Dejótaro ajuda os Romanos na sua incursão a Isaura, Pisídia e Frígia. Dejótaro expulsou da Frígia as tropas de Mitrídates VI do Ponto dirigidas por Eumaco em 75 ou 74 a.C. Sendo assim, Dejótaro alinha seu povo ao lado dos Romanos durante a Terceira Guerra Mitridática (73-63 a.C.) auxiliando-os à vitória na Batalha de Kabeira (Niksar). Em 69/68, o exército romano sob de L. Lúculo passa o inverno em Górdio(Uindia) na Galácia. Abaixo, tumba gálata em Górdio.

Em 63, Pompeu, o novo comandante das forças romanas na Ásia, constrói a cidade de Sebastea (Sivas) e deixa-a nas mãos de Ateporiks, tetrarca gálata dos Trocmos. Mas Dejótaro foi o grande aliado de Pompeu, seu amigo mais influente. Pompeu, cônsul e hábil militar, ajustando os assuntos romanos na Ásia após a derrota de Mitrídates VI em 65 a.C., recompensou Dejótaro por sua ajuda com o título do rei e um aumento do território da Galácia com a incorporação da parte oriental do Ponto, ao qual o Senado acrescentou a Armênia Menor, Galedonitis e a maior parte de Galácia governada por outros tetrarcas. Em 60, Castor Tarkondarios, neto de Dejótaro, e Domnilaus tornam-se co-tetrarcas dos Tectosages com o apoio de Roma, a qual no ano seguinte apóia a reivindicação de Dejótaro ao trono de Tolistobogios. Em 53, quando da morte de Brogítaro anexa os territórios dos Trocmos ao seu reino.
Recusa-se participar da guerra do general romano Crasso contra os Partas (55-54) alegando sua idade avançada, embora em 51 a.C. levante um exército gálata no estilo romano e derrota uma incursão dos Partas. No mesmo ano, Cícero, governador romano da Cilícia, montou um acampamento romano em Cybistra nas bordas da Capadócia para a proteção da Capadócia e da Cilícia contra os Partas. Dejótaro ofereceu as suas forças militares, mas Cícero informou-o não ser necessário.
Na erupção da guerra civil romana entre 49 e 45 a.C., Dejótaro naturalmente posicionou-se ao lado do seu velho patrono e aliado Pompeu (imagem ao acima) na sua luta contra Júlio César, que desafiava o Senado. Quando da derrota das forças de Pompeu na Batalha de Farsalo (48 a.C.), Dejótaro fugiu para a Ásia e Pompeu para o Egito, onde foi assassinado.
Por este tempo, Fárnaces, filho e sucessor de Mitrídates no reino do Ponto, conquistou a Armênia Menor que era possessão da Galácia. Dejótaro pediu auxílio a Domício Calvino, legado de César na Ásia. Fárnaces derrotou o exército gálata-romano perto de Nicópolis. Afortunadamente para Dejótaro, Júlio César então (47 a.C.) chegou à Ásia vindo do Egito e foi recebido pelo rei gálata no vestido de um suplicante. César perdoou-o para ter se aliado anteriormente a Pompeu e ordenou que ele retomasse o seu traje real. Aliado de César, Dejótaro forma uma legião ( a Legio XXII Deiotariana, Legião Dejotariana) de apoio às tropas César (imagem ao lado) e derrotam Fárnaces em Zela. Segundo o cronista romano Hírcio, César deixou-o com o título de rei, mas deu sua tetrarquia a Mitrídates de Pérgamo. Cícero diz-nos que ele foi privado ambos, tetrarquia e monarquia, porém não do seu título real, e que foi multado. Dío Cássio diz que César realmente de fato concedeu a Ariobarzanes, rei da Capadócia, uma porção do reino de Dejótaro, mas que César deu a este uma parte do que havia tomado de Fárnaces, e portanto de fato alargou o seu território; mas isto parece inconsistente com os informes de Cícero. No outono do mesmo ano, a causa da realeza de Dejótaro foi, sem êxito, advogada por Bruto diante de César em Nicéia na Bitínia. Abaixo, imagem de guerreiro gálata.
Quando da morte de Mitrídates de Pérgamo, Tetrarca dos Trocmos, Dejótaro tentou ocupar o seu lugar, o que causou tumulto entre os príncipes gálatas. Dejótaro foi acusado em Roma em 45 a.C. pelo seu neto Castor Tarkondarios de ter apoiado Cecílio Basso, aliado de Pompeu, e de ter tentado assassinar César quando o último foi o seu hóspede na Galácia. Cicero, que tinha em alta consideração a Dejótaro, a quem conhecera quando fora governador da Cilícia, empreendeu a sua defesa; o caso foi discutido na própria casa de César em Roma. Na ocasião Cícero pronunciou sua famosa Pro Rege Deiotaro, discurso em defesa de Rei Dejótaro até hoje existente. No seu discurso, Cícero (imagem ao lado) toca no cerne da questão: a verdadeira causa das acusações são as disputas entre Dejótaro e os seus parentes por terras e poder na Galácia. Por fim Dejótaro saiu vitorioso da questão e mandou matar seu neto e filha devido a essa conspiração. Depois da morte de César, Blasemio e Hieras estavam em Roma para tratar dos interesses de Dejótaro, quando Marco Antônio, por uma grande compensação monetária (10.000 sestércios), publicamente anunciou que, conforme instruções deixadas por César, Dejótaro deve retomar a posse de todo o território do qual ele tinha sido privado. Aliás, Dejótaro já havia tomado à força esses territórios recebendo posteriormente a confirmação romana. Quando a guerra civil novamente estourou em Roma, Dejótaro foi persuadido a apoiar o partido anticesariano de Bruto e Cássio, mas depois da Batalha de Filipos em 42, passou para o lado de Antônio e Otávio.

Abaixo, arte gálata: representação da cabeça de um touro proveniente de Távio, cidade gálata.


Dejótaro permaneceu na posse de seu reino até a sua morte em uma idade muito avançada, talvez 75 anos. Segundo as fontes históricas, Dejótaro era supersticioso e muito interessado em adivinhações. Diófanes de Nicéia dedicou um manual de agricultura a Dejótaro, que era seu patrono.
Dejótaro foi sucedido por seu filho, Dejótaro II, cujos irmãos foram mortos pelo pai para evitar disputas pela sucessão.

REFERÊNCIAS:
http://en.wikipedia.org/wiki/Deiotarus


http://www.galloturca.com/galatians_files/chronology.htm

sábado, 21 de março de 2009

OS PIONEIROS: LEONÓRIO E LUTÁRIO

As tribos gálatas que vieram a formar a Galácia foram lideradas por Leonório e Lutário quando de sua travessia da Europa para a Ásia.
Leonório era um dos líderes dos gauleses na invasão da Macedônia e dos países contíguos. Quando o grupo principal de gauleses sob o comando de Breno marchou para o sul da Macedônia e da Grécia (279 a.C.), Leonório e Lutário conduziram um poderoso destacamento de cerca de 20.000 homens para a Trácia, onde eles assolaram o país até às costas do Helesponto, compeliram os Bizantinos a lhes pagar  tributos e se fizeram senhores de Lisimáquia. As ricas costas asiáticas do Helesponto permitiriam-lhes uma perspectiva de enriquecimento; e enquanto Leonório voltou ao Bizâncio para compelir seus habitantes a dar-lhe os meios de transportar as suas tropas à Ásia, Lutário conseguiu capturar alguns navios com os quais ele remanejou as tropas remanescentes sob seu comando através do Helesponto. Abaixo, ilustração de guerreiros gauleses.



Quando os gálatas vieram a Bizâncio e saquearam a maior parte de seu território, os Bizantinos ficaram arruinados pela guerra e pediram ajuda a seus aliados. Estes ajudaram quando puderam e os Heracleus (habitantes de Heraclea Pôntica na Ásia) deram quatro mil peças de ouro aos enviados de Bizâncio. Não muito depois, Nicomedes I, rei da Bitínia na Ásia, fez um pacto com os gálatas que estavam atacando Bizâncio e acordou com eles para que atravessassem para a Ásia; os gálatas haviam intentado cruzar o Helesponto muitas vezes antes, porém sempre haviam falhado, porque os Bizantinos não o permitiam. Em contrapartida, Nicomedes lutava contra seu irmão, Zipoetes II, que ocupava grande parte da Bitínia, e ainda contra o rei selêucida Antíoco I. As condições do pacto eram: os gálatas deviam sempre apoiar a Nicomedes e seus filhos e não deviam entrar em aliança com qualquer outro Estado que os requeresse sem permissão de Nicomedes. Eles deviam ser aliados de seus aliados e inimigos de seus inimigos. Deviam servir sendo aliados dos Bizantinos, se necessário fosse, e dos habitantes de Tio, Heraclea, Calcedônia e Ciero e de alguns outros governantes. Abaixo, em azul, as incursões dos gauleses nos Balãs e sua travessia para a Ásia Menor.
Nestas condições, em 278 a.C., Nicomedes trouxe uma multidão de gálatas à Ásia sob vários líderes, dos quais destacaram-se Leonório e Lutário. Eles mostraram-se aliados poderosos e ajudaram a Nicomedes a assegurar sua soberania sobre toda a Bitínia. Depois eles fizeram excursões de pilhagem por várias partes da Ásia, embora chegassem a sofrer uma derrota para Antíoco I; no entantato derrotar os gálatas era algo tão fabuloso que Antíoco I adotou o epíteto de soter (salvador em grego). Enfim estabeleceram-se numa região central da Anatólia, chamada desde então de pelo nome dos seus conquistadores: Galatia, Galácia. Abaixo, mapa da Galácia, a localização de suas tribos (Tectosages, Trocmios e Tolistobogios) e principais cidades: Ancyra, Pessinus e Tavium.


FONTES:
http://www.ancientlibrary.com/smith-bio/1862.html
http://www.satrapa1.com/articulos/antiguedad/memnon-heraclea/Memnon-texto.htm

sexta-feira, 6 de março de 2009

GALÁCIA: RESUMO HISTÓRICO

Os Gálatas eram um povo celta da Antiguidade que habitavam uma região montanhosa na Anatólia central, hoje na Turquia. O país era limitado em parte pela Capadócia, ao Leste, pela Bitínia e Ponto, ao Norte, pela Ásia Menor, ao Oeste, e pela Panfília, ao Sul. Situa-se num planalto entre os Montes Tauro, ao Sul, e os Montes da Paflagônia, ao Norte. Na sua parte norte-central, ficava a cidade de Ancira, agora chamada Ancara, capital da Turquia. Os romanos também chamavam a região de Gália do Oriente, em contraposição a Gália do Ocidente (França atual). Abaixo, mapa do século XV que retrata a Ásia Menor so século II a.C. Vê-se nele a Galatia (Galácia).

Os romanos chavam de galii ( gálios) os povos de ambas as regiões. Ao longo do tempo, para destinguir os habitantes destas regiões convencionou-se usar-se gaulês para o celta da Gália e gálata para o celta da Galácia. O termo gálata (vindo do grego) é uma derivação de keltai ou galli como eram chamados os celtas pelos gregos e pelos romanos. O termo ainda está presente até hoje em Istambul, no nome da Torre Gálata e do bairro de Galatasaray ("Jardim dos Gálatas" em turco), bem como do time de futebol de mesmo nome (Galatasaray SK). O nome próprio utilizado por todos os celtas era gal- ou kel- como mostram o nomes de suas línguas e os nomes dos povos celtas: Galli, Galatae, Galaici, Gaelige, Kel(toi), Galatai. Abaixo, guerreiros gauleses.

Por volta de 281 a.C., um grande número de gauleses (celtas da Gália), que os gregos chamavam de Galátai (daí o nome da região na Anatólia), migrou para o leste da Europa conduzidos por Breno. Abaixo, a migração dos keltoi ( celtas, gauleses, gálatas) para os Balcãs.


Breno invadiu a Grécia em 281 com um enorme contingente de guerra e foi rechaçado quando pretendia pilhar o templo de Apolo em Delfos. Ao mesmo tempo, outro grupo de homens, mulheres e crianças gaulesas que se separaram do grupo de Breno em 279 migrava para a Trácia sob a liderança de Comontório onde fundaram a cidade de Tylis. Outros liderados por Bolgios invadiram a Macedônia, mataram o soberano Ptolomeu Cerauno, mas foram posteriormente expulsos por Antígono Gônatas, o neto do diádoco (herdeiro de parte do império de Alexandre, o Grande) Antígono, o Caolho. Abaixo, cabeça de um guerreiro gálata num escudo de ouro trácio.

O grupo de Comontório se estabeleceu na Trácia. Eles aterrorizaram a região e exigiam altos tributos de Bizâncio. Enquanto isso do outro lado do Bósforo, o rei Nicomedes I da Bitínia luta contra seu irmão, Zipoetes II, que domina metade do país. Para derrotar seu irmão, Nicomedes convida aos gálatas, mediante várias promessas de benefícios, a cruzarem o Estreito do Bósforo e ajudá-lo contra seu irmão. As tribos dos Tectosages, dos Trocmos e dos Tolistobogios lideradas por Leonório e Lutário atravessaram o Estreito do Bósforo. Eram aproximadamente 10.000 homens de combate e igual número de mulheres e crianças. Nicomedes providencia para que os invasores atravessem para a Ásia e juntos derrotam e matam Zipoetes II. Nicomedes assumiu o controle de toda a Bitínia e sob seu reinado esta alcançou poder e prosperidade. Na Ásia, os Gálatas, grandes guerreiros, acabaram por atemorizar e pilhar a região. Eles possivelmente ajudaram Nicomedes contra Antíoco e por fim estabelecem-se no interior da Anatólia, pois em 278 a.C. foram atacados pelo rei selêucida Antíoco I Sóter que os derrotou com elefantes de guerra. Abaixo, imagem de guerreiro gálata. No entanto, não foram exterminados. Em vez disso, a migração levou ao estabelecimento de um território céltico duradouro na Anatólia central, que incluiu a parte oriental da Frígia antiga, um território que ficou conhecido como Galatia que em portugês verte-se em Galácia. Aí eles enfim instalaram-se, e foram fortalecidos por novas migrações do mesmo clã vindas da Europa. Essa nova leva atravessou rapidamente a Bitínia e sustentaram-se pilhando países vizinhos. A constituição do Estado dos Gálatas é descrita por Estrabão em sua Geografia: em conformidade com seu costume, cada tribo foi dividida em cantões, cada um governado por um chefe (tetrarca) do seu próprio cantão com um juiz subordinado, cujos poderes foram ilimitados exceto em casos do assassinato, que eram julgados por um conselho de 300 representando os doze cantões e reunido em um lugar sagrado, vinte milhas para sudoeste de Ancira ( atual Ankara), que provavelmente teria sido um bosque de carvalho sagrado, chamado Drynemeton (do celta drys nemeton, "santuário dos carvalhos"). Deixaram a população local de capadócios no controle das cidades e da maior parte da terra, a qual, porém, pagava tributos aos seus novos senhores, que formaram uma aristocracia militar e se mantiveram afastados em fazendas fortificadas, rodeadas de seus grupos.Abaixo, ilustração dos Gálatas atacando Pérgamo.

Esses celtas foram guerreiros respeitados no Mundo Antigo. Eles eram alugados como soldados mercenários, às vezes lutando de dois lados nas grandes batalhas destes tempos. As tribos gálatas vinham ameaçando os povos na Ásia Menor obrigando-os a pagar um tributo de proteção. Por fim, os gálatas tornaram-se aliados do príncipe selêucida rebelde Antíoco Hiérax (imagem a esquerda), que havia fundado um reino independente do Império Selêucida e contava com o apoio dos gálatas. O regente de Pérgamo, Eumenes I, só livrou sua cidade mediante o pagamento de tributos. Seu sucessor, Átalo I, no entanto recusou-se a pagar tributo aos gálatas. Em conseqüência, os gálatas atacaram Pérgamo. O exército de Pérgamo e as forças gálatas se enfrentaram nas imediações da nascente do rio Caico e Átalo ( imagem ao lado) saiu-se vitorioso. Devido a esta grande vitória, Átalo adota o epíteto grego de Sóter (salvador) e o título de basileus, rei. O significado dessa vitória foi tamanho que posteriormente se criou a lenda de uma profecia de que um filho do touro de Zeus derrotaria os gálatas e esse filho foi identificado com Átalo que teria feições bovinas. Na acrópole de Pérgamo foi erguida em comemoração da vitória um monumento triunfal que incluía uma famosa escultura chamada Gálata moribundo. O tema dos Gálatas derrotados permaneceu recorrente na arte helenística por um bom tempo. Abaixo, representação do monumento original.Antíoco Hiérax tentou derrotar o rei Átalo I, mas em vez disso, Átalo e as cidades helenísticas unidas sob seu estandarte infligiram várias derrotas severas a ele e aos gálatas, aproximadamente em 232 a.C., forçando estes a confinarem-se à região para a qual eles já tinham dado o seu nome. O direito dos Gálatas ao distrito foi formalmente reconhecido pelos reinos vizinhos. As três tribos gálatas permaneceram na região da seguinte forma:
Os Tectosages no centro, em redor com a sua capital Ancira;
Os Tolistobogios no oeste, em redor de Pessino como a sua cidade principal. Pessino era acidade sagrada da deusa frígia Cibele;
Os Trocmos no leste, ao redor de Távio, sua cidade principal.
Cada território tribal foi dividido em quatro cantões ou tetrarquias. Cada um dos doze tetrarcas tinha sob si um juiz e um general. Um conselho da nação composta do tetrarcas e trezentos senadores era periodicamente mantido no Drynemeton, vinte milhas ao sudoeste de Ancira. Hábeis e temidos guerreiros, os gálatas são alugados por vários soberanos. Os Atálidas de Pérgamo empregaram os seus serviços nas guerras cada vez mais constantes na Ásia Menor bem como Antíoco III, o Grande na sua luta contra o rei egípcio Ptolomeu IV.
No início do 2º século a.C., os Gálatas mostraram-se aliados terríveis de Antíoco III, o Grande, o último rei selêucida que tentou recuperar a suserania greco-síria sobre a Ásia Menor, o que ocasionou a Guerra Romano-Síria (192 – 188 a.C.); mas depois da derrota de Antíoco III pelos Romanos, Roma voltou seus olhos firmemente contra os Gálatas, quando então ocorreu a Guerra Gálata: esta foi um conflito militar que se travou em 189 a. C. entre o povo gálata contra a República romana e seus aliados de Pérgamo. Abaixo a Galácia em 188 a.C. após a Guerra Gálata.


A guerra se deu principalmente nas terras da Galácia. Após a vitória República Romana sobre o Império Selêucida na Batalha de Magnésia (189 a.C.), o cônsul romano Cneu Mânlio Vulso iniciou uma campanha contra os gálatas justificando-a na suspeita de que estes haviam apoiado Antíoco III durante sua guerra contra Roma. O historiador romano Tito Lívio, no entanto, sugere que as reais razões de Vulso eram de se apossar das riquezas do povo gálata e afamar seu nome como grande militar. Mesmo sem o aval do Senado, Vulso iniciou uma campanha com o apoio de Eumenes II de Pérgamo ( que enviou seu irmão Átalo Fildadelfo com as tropas pergamenas) onde avançou até o interior da Galácia com a ajuda de guias fornecidos por Seleuco IV Filopátor, sucessor de Antíoco III. Os Romanos e aliados encontram a tribo gálata dos Tolistobogios e embora prepare-se para o conflito, Vulso procura fazer um tratado com Eposognato, um dos líderes dos Tectosages, o qual mantinha boas relações com Pérgamo. Eposognato aceita aliar-se aos romanos desde que estes não invadam suas terras e em troca ele procuraria trazer à aliança romana os demais líderes gálatas. Porém o acampamento romano foi atacado em Cubalo onde apesar das baixas, os romanos infligiram uma derrota aos atacantes. Eposognato envia uma mensageiro a Vulso dizendo que não conseguiu aliançar os demais gálatas à causa romana e que Vulso deveria se preparar para a guerra. Por fim, os Tectosages se aliaram aos Tolistobogios e os Trocmos e ocuparam o Monte Olimpo e arredores onde se travou a Batalha do Monte Olimpo onde os romanos e aliados obtiveram uma esmagadora vitória sobre os gálatas que perderam cerca de 10.000 homens e cerca de 40.000 foram capturados. Os despojos foram grandes. Acima, estátua de guerreiro gálata suicidando-se após matar a esposa para não cair nas mãos dos inimigois. Após a vitória no Monte Olimpo, os tectosages procuraram negociar a paz com os romanos propondo uma conferência em Ancira. No entanto, isso era um estratagema para ganhar tempo e conseguir fazer com que as mulheres e crianças gálatas atravessassem o rio Hális e tivessem tempo de atacar a Vulso quando sua ida a Ancira. Após um ataque gálata frustrado, os Romanos investem contra os gálatas impondo-lhes tremenda derrota; muitos fogem para evitar um massacre e o exército romano-pergameno os persegue até seu acampamento onde os gálatas são dizimados. Poucos conseguem passar para a outra margem do Hális onde estavam as mulheres e crianças. Esse episódio ficou conhecido comoa Batalha de Ancira. Com as derrotas de Olimpo e Ancira, os Gálatas foram forçados a buscar a paz com os romanos. Abaixo, estátuas de Gálatas derrotados provenientes de Nápoles. Tão temidos eram os gálatas como guerreiros, que derrotá-los merecia ser comemorado com monumentos. O tema da derrota dos gálatas foi marcante na arte estatutária greco-romana.

A campanha beneficiou Vulso e suas legiões à custa dos tesouros que os Gálatas tinham acumulado durante as suas conquistas na Ásia Menor. A Galácia foi daqui em diante dominada por Roma através líderes locais e teve seu território diminuído pela expansão do Reino do Ponto. Eles foram finalmente libertados pelas Guerras Mitridáticas (República Romana versus Mitrídates VI Eupátor do Ponto), durante as quais eles apoiaram Roma.
No acordo de 64 a.C. a Galácia tornou-se um Estado cliente de Roma, a velha constituição desapareceu, e três chefes (inadequadamente chamados de “tetrarcas”) foram designados, um para cada tribo. Mas este acordo logo deu ocasião para a ambição de um desses tetrarcas, Dejótaro, o contemporâneo de Cícero e Júlio César, que se fez o senhor das outras duas tetrarquias e foi finalmente reconhecido pelos Romanos como rei da Galácia. Foi sucedido por Brogítaro.
Quando da morte do terceiro rei gálata, Amintas, em 25 a.C., a Galácia foi incorporada por César Augusto ao Império Romano, tornando-se uma província romana a qual foi ampliada para incluir partes da Licaônia, da Pisídia, da Paflagônia, do Ponto e da Frígia. Abaixo, a província romana da Galácia.

Perto da capital da Galácia, Ancira, Pilamenes, o herdeiro do rei, reedificou um templo da deusa frígia Men para venerar Augusto (o célebre Monumentum Ancyranum, imagem abaixo), como um sinal da fidelidade. Nas paredes deste templo na Galácia foi conservada para a modernidade a fonte principal do Res Gestae (Coisas da Gestão) de Augusto. Poucas províncias mostraram-se tão leais a Roma.


Os Gálatas praticavam uma forma de politeísmo romano-céltico, comum em outras terras célticas.
Eles ainda falavam sua língua gálata, de origem celta, no tempo de Jerônimo (347–420 d.C.), o qual descreveu que os gálatas de Ancira e o povo de Augusta Treverorum ( atualmente Trier, localizada hoje na Renânia alemã) falavam uma língua muito semelhante.
Foi na província da Galácia ampliada que o apóstolo Paulo e outros missionários cristãos evangelizaram diversas cidades no século I d.C., tais como Icônio, Listra e Derbe e nas quais, organizaram comunidades cristãs locais. Paulo escreveu uma epístola às comunidades cristãs da Galácia, a Epístola aos Gálatas, a qual ressalta a primazia da graça sobre a lei da Antiga Aliança. Abaixo, cidades da província da Galácia (mas não cidades gálatas) visitadas pelo Apóstolo Paulo.



FONTES:
http://es.wikipedia.org/wiki/Galacia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gal%C3%A1cia
http://ca.wikipedia.org/wiki/Gal%C3%A0cia
http://osreisdabitinia.blogspot.com/2009/02/nicomedes-i-278-255-ac.html
http://es.wikipedia.org/wiki/Guerra_G%C3%A1lata
http://www.romanarmytalk.com