Breno invadiu a Grécia em 281 com um enorme contingente de guerra e foi rechaçado quando pretendia pilhar o templo de Apolo em Delfos. Ao mesmo tempo, outro grupo de homens, mulheres e crianças gaulesas que se separaram do grupo de Breno em 279 migrava para a Trácia sob a liderança de Comontório onde fundaram a cidade de Tylis. Outros liderados por Bolgios invadiram a Macedônia, mataram o soberano Ptolomeu Cerauno, mas foram posteriormente expulsos por Antígono Gônatas, o neto do diádoco (herdeiro de parte do império de Alexandre, o Grande) Antígono, o Caolho. Abaixo, cabeça de um guerreiro gálata num escudo de ouro trácio.
Esses celtas foram guerreiros respeitados no Mundo Antigo. Eles eram alugados como soldados mercenários, às vezes lutando de dois lados nas grandes batalhas destes tempos. As tribos gálatas vinham ameaçando os povos na Ásia Menor obrigando-os a pagar um tributo de proteção. Por fim, os gálatas tornaram-se aliados do príncipe selêucida rebelde Antíoco Hiérax (imagem a esquerda), que havia fundado um reino independente do Império Selêucida e contava com o apoio dos gálatas. O regente de Pérgamo, Eumenes I, só livrou sua cidade mediante o pagamento de tributos. Seu sucessor, Átalo I, no entanto recusou-se a pagar tributo aos gálatas. Em conseqüência, os gálatas atacaram Pérgamo. O exército de Pérgamo e as forças gálatas se enfrentaram nas imediações da nascente do rio Caico e Átalo ( imagem ao lado) saiu-se vitorioso. Devido a esta grande vitória, Átalo adota o epíteto grego de Sóter (salvador) e o título de basileus, rei. O significado dessa vitória foi tamanho que posteriormente se criou a lenda de uma profecia de que um filho do touro de Zeus derrotaria os gálatas e esse filho foi identificado com Átalo que teria feições bovinas. Na acrópole de Pérgamo foi erguida em comemoração da vitória um monumento triunfal que incluía uma famosa escultura chamada Gálata moribundo. O tema dos Gálatas derrotados permaneceu recorrente na arte helenística por um bom tempo. Abaixo, representação do monumento original.Antíoco Hiérax tentou derrotar o rei Átalo I, mas em vez disso, Átalo e as cidades helenísticas unidas sob seu estandarte infligiram várias derrotas severas a ele e aos gálatas, aproximadamente em 232 a.C., forçando estes a confinarem-se à região para a qual eles já tinham dado o seu nome. O direito dos Gálatas ao distrito foi formalmente reconhecido pelos reinos vizinhos. As três tribos gálatas permaneceram na região da seguinte forma:
Os Tectosages no centro, em redor com a sua capital Ancira;
Os Tolistobogios no oeste, em redor de Pessino como a sua cidade principal. Pessino era a cidade sagrada da deusa frígia Cibele;
Os Trocmos no leste, ao redor de Távio, sua cidade principal.
Cada território tribal foi dividido em quatro cantões ou tetrarquias. Cada um dos doze tetrarcas tinha sob si um juiz e um general. Um conselho da nação composta do tetrarcas e trezentos senadores era periodicamente mantido no Drynemeton, vinte milhas ao sudoeste de Ancira. Hábeis e temidos guerreiros, os gálatas são alugados por vários soberanos. Os Atálidas de Pérgamo empregaram os seus serviços nas guerras cada vez mais constantes na Ásia Menor bem como Antíoco III, o Grande na sua luta contra o rei egípcio Ptolomeu IV.
No início do 2º século a.C., os Gálatas mostraram-se aliados terríveis de Antíoco III, o Grande, o último rei selêucida que tentou recuperar a suserania greco-síria sobre a Ásia Menor, o que ocasionou a Guerra Romano-Síria (192 – 188 a.C.); mas depois da derrota de Antíoco III pelos Romanos, Roma voltou seus olhos firmemente contra os Gálatas, quando então ocorreu a Guerra Gálata: esta foi um conflito militar que se travou em 189 a. C. entre o povo gálata contra a República romana e seus aliados de Pérgamo. Abaixo a Galácia em 188 a.C. após a Guerra Gálata.
A guerra se deu principalmente nas terras da Galácia. Após a vitória República Romana sobre o Império Selêucida na Batalha de Magnésia (189 a.C.), o cônsul romano Cneu Mânlio Vulso iniciou uma campanha contra os gálatas justificando-a na suspeita de que estes haviam apoiado Antíoco III durante sua guerra contra Roma. O historiador romano Tito Lívio, no entanto, sugere que as reais razões de Vulso eram de se apossar das riquezas do povo gálata e afamar seu nome como grande militar. Mesmo sem o aval do Senado, Vulso iniciou uma campanha com o apoio de Eumenes II de Pérgamo ( que enviou seu irmão Átalo Fildadelfo com as tropas pergamenas) onde avançou até o interior da Galácia com a ajuda de guias fornecidos por Seleuco IV Filopátor, sucessor de Antíoco III. Os Romanos e aliados encontram a tribo gálata dos Tolistobogios e embora prepare-se para o conflito, Vulso procura fazer um tratado com Eposognato, um dos líderes dos Tectosages, o qual mantinha boas relações com Pérgamo. Eposognato aceita aliar-se aos romanos desde que estes não invadam suas terras e em troca ele procuraria trazer à aliança romana os demais líderes gálatas. Porém o acampamento romano foi atacado em Cubalo onde apesar das baixas, os romanos infligiram uma derrota aos atacantes. Eposognato envia uma mensageiro a Vulso dizendo que não conseguiu aliançar os demais gálatas à causa romana e que Vulso deveria se preparar para a guerra. Por fim, os Tectosages se aliaram aos Tolistobogios e os Trocmos e ocuparam o Monte Olimpo e arredores onde se travou a Batalha do Monte Olimpo onde os romanos e aliados obtiveram uma esmagadora vitória sobre os gálatas que perderam cerca de 10.000 homens e cerca de 40.000 foram capturados. Os despojos foram grandes. Acima, estátua de guerreiro gálata suicidando-se após matar a esposa para não cair nas mãos dos inimigois. Após a vitória no Monte Olimpo, os tectosages procuraram negociar a paz com os romanos propondo uma conferência em Ancira. No entanto, isso era um estratagema para ganhar tempo e conseguir fazer com que as mulheres e crianças gálatas atravessassem o rio Hális e tivessem tempo de atacar a Vulso quando sua ida a Ancira. Após um ataque gálata frustrado, os Romanos investem contra os gálatas impondo-lhes tremenda derrota; muitos fogem para evitar um massacre e o exército romano-pergameno os persegue até seu acampamento onde os gálatas são dizimados. Poucos conseguem passar para a outra margem do Hális onde estavam as mulheres e crianças. Esse episódio ficou conhecido comoa Batalha de Ancira. Com as derrotas de Olimpo e Ancira, os Gálatas foram forçados a buscar a paz com os romanos. Abaixo, estátuas de Gálatas derrotados provenientes de Nápoles. Tão temidos eram os gálatas como guerreiros, que derrotá-los merecia ser comemorado com monumentos. O tema da derrota dos gálatas foi marcante na arte estatutária greco-romana.
No acordo de 64 a.C. a Galácia tornou-se um Estado cliente de Roma, a velha constituição desapareceu, e três chefes (inadequadamente chamados de “tetrarcas”) foram designados, um para cada tribo. Mas este acordo logo deu ocasião para a ambição de um desses tetrarcas, Dejótaro, o contemporâneo de Cícero e Júlio César, que se fez o senhor das outras duas tetrarquias e foi finalmente reconhecido pelos Romanos como rei da Galácia. Foi sucedido por Brogítaro.
Quando da morte do terceiro rei gálata, Amintas, em 25 a.C., a Galácia foi incorporada por César Augusto ao Império Romano, tornando-se uma província romana a qual foi ampliada para incluir partes da Licaônia, da Pisídia, da Paflagônia, do Ponto e da Frígia. Abaixo, a província romana da Galácia.
Perto da capital da Galácia, Ancira, Pilamenes, o herdeiro do rei, reedificou um templo da deusa frígia Men para venerar Augusto (o célebre Monumentum Ancyranum, imagem abaixo), como um sinal da fidelidade. Nas paredes deste templo na Galácia foi conservada para a modernidade a fonte principal do Res Gestae (Coisas da Gestão) de Augusto. Poucas províncias mostraram-se tão leais a Roma.
Os Gálatas praticavam uma forma de politeísmo romano-céltico, comum em outras terras célticas.
Eles ainda falavam sua língua gálata, de origem celta, no tempo de Jerônimo (347–420 d.C.), o qual descreveu que os gálatas de Ancira e o povo de Augusta Treverorum ( atualmente Trier, localizada hoje na Renânia alemã) falavam uma língua muito semelhante.
Foi na província da Galácia ampliada que o apóstolo Paulo e outros missionários cristãos evangelizaram diversas cidades no século I d.C., tais como Icônio, Listra e Derbe e nas quais, organizaram comunidades cristãs locais. Paulo escreveu uma epístola às comunidades cristãs da Galácia, a Epístola aos Gálatas, a qual ressalta a primazia da graça sobre a lei da Antiga Aliança. Abaixo, cidades da província da Galácia (mas não cidades gálatas) visitadas pelo Apóstolo Paulo.